Uma comunidade do Orkut em especial chama minha atenção: A arte de evitar ciúmes, esses sim são artistas.
O ciúme é um sentimento inerente ao ser. Nos clássicos da literatura como Dom Casmurro, do escritor brasileiro Machado de Assis, e Otelo – O Mouro de Veneza, do inglês Willian Shakespeare a temática do angústia provocada pelo sentimento exacerbado de posse esta presente.
Na obra de Machado de Assis percebesse a narrativa unilateral dos fatos. O personagem central Bento Santiago, velho, relembra sua vida. Manipula o leitor para que notem uma Capitu adultera. Já caracterizada pelo agregado sangue suga da família – José Dias, como garota dos “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Em Shakespeare, Otelo deixa-se influenciar pelo escudeiro "fiel" Iago. Este o envenena para que acredite na falsa fidelidade do amor puro de Desdêmona.
O ciúme sombreia o amor nas duas tramas. Nas duas histórias os personagens que se deixam levar por supostas verdades, sem nunca darem voz às acusadas (Capitu e Desdêmona), acabam com suas vidas. Casmurro isola-se do mundo, Otelo após matar a amada, suicida-se.
Os ciumentos se sufocam em seu próprio veneno. Mentes que fantasiam coisas que nunca aconteceram, distorcem os fatos em conflito de um amor não sadio.
Forte a intertextualidade de Shakespeare na obra machadiana, Santiago é tão convicto, ou tenta nos convencer de quão vítima é afirmando que a única diferença entre sua trama para de Otelo é que “sua Desdêmona era culpada”.
E o sentimento que cega continua fazendo vítimas.
Dica:
O Otelo Brasileiro de Machado de Assis – Um estudo de Dom Casmurro, de Helen Caldwell.
Comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=18084980
quarta-feira, 8 de julho de 2009
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Um comentário:
Acho que nenhuma literatura no mundoque trate de ciumes não tenha uma pitada de Otelo. :)
Machado, na tentativa de convencer o leitor, é tão inescrupuloso que, em diversos momentos da trama, se contradiz. Em outros trexos admite não saber bem como aconteceu, mas fora mais ou menos assim...
A grande questão não é se Capitu, a dissimulada de Olhos de Ressaca, traiu ou não Bento Santiago, mas sim que Machado, na sua singularidade, mente descaradamente ao leitor, que acredita, com o olhar fixo numa não tão verídica trama de traição sugerida pelo autor.
Não só a história é uma ficção, como o personagem-narrador inventa diversas partes e nos enrola durante a trama para que acreditemos na traição fictícia de Capitu.
O estilo Machadiano, inconfundível, sempre narra a trágica dissolução da lealdade, normalmente, entre uma mulher e dois homens. Essa mulher a distruidora de lares. Porém, abusando dessa fama, em Dom Casmurro, ele apenas cria um personagem que mente, finge e inventa uma história intrigante e nós meros mortais caímos e discutimos, sem encontrar uma resposta, se Capitu traiu Bentinho, enquanto Machado ri, no inferno que o resguarda até hoje, aproveita de nossa ingnuidade e se diverte por toda a eternidade.
Viva a Machado de Assis, maior nome da literatura brasileira.
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